sento-me no meio do meu silêncio
e perfilam-se à minha volta os fantasmas que insistem em manter-se por perto
não lhes digo nada...
oiço-os na sua tagarelice infindável
e vejo-os no seu bailado desengonçado e balofo
a sua surdez e cegueira aumentam se lhes disser que têm que partir...
por isso não lhes digo nada
e o problema é que no lugar onde me encontro com eles
não existe saída nem entrada...
enquanto alguma parte de mim aqui estiver
estarão comigo os fantasmas correspondentes
não adianta tentar enganá-los... fingindo que desapareci
porque eles desconhecem as razões dos meus argumentos...
eles são as razões...
os meus fantasmas de estimação são cada vez menos
já não lhes digo nada...
limito-me a sentar-me com eles à volta
a observá-los
e a vê-los desaparecer... sempre que uma parte de mim desaparece...