desaparece a pressa que me dita os gestos...
percebo incoerente o meu entendimento do mundo...
a distância entre os tempos da minha fantasia já não me permite os saltos de outrora...
fica cada vez mais longe o que não acontece nos lugares da minha presença...
paro...
e o mundo que eu conhecia vai caindo...
vai-se desfazendo...
no seu lugar surge um outro mundo
cada vez mais nítido
uma realidade de que faço parte e que esteve sempre aqui...
em que nada é mais do que aquilo que é
longe dos entendimentos particulares de cada um
sem as cores doces e suaves ou fortes e garridas da imaginação
com que se pretendia uma realidade por medida
sinto-me a dar um salto gigantesco...
para um lugar em que o lugar em que pensava existir deixou de ser possível
apetece-me satisfazer a curiosidade...
colocar questões e procurar respostas...
mas sei que se o fizer voltarei a adormecer no leito das minhas convicções
afastando-me deste breve vislumbre do desconhecido que sou...
da oportunidade de descobrir a existência que permaneceu escondida nas sombras do meu conhecimento
e eu não quero voltar a adormecer...
não vou voltar a adormecer...