segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Agora

sento-me no lugar vazio da existência
abandono os mares passados do que julguei viver
esqueço-mo dos quadros futuros que ficaram por pintar
recolho as letras com que pensava construir as histórias do meu presente
apago-lhes o som e as formas
retiro-lhes os sentidos a que muitos insistem em colar as imagens do seu entendimento
saio dos lugares distantes da minha ausência
caminho nas ruas deixadas ao acaso da solidão dos homens
mergulho nas paredes da cidade adormecida no coração das mulheres
e adivinho-me para além do silêncio das minhas breves fronteiras

estou de passagem...
pronto para ficar depositado no horizonte da memória esquecida do que um dia serei
livre para chegar e partir
nos lugares da vida em que me desfaço contra as margens da eternidade

agora...
sempre apenas e só... agora