terça-feira, 17 de novembro de 2009

Coexistência

longe do lugar da dor entramos no mundo e nos tornamos vida
longe do lugar da dor nos lançamos à descoberta do mundo e da vida
longe do lugar da dor vivemos a liberdade o amor e a felicidade que encontramos em nós no mundo e na vida

longe do lugar da dor deixamo-nos conduzir pelas certezas de todos e de ninguém...

no lugar da dor construímos o desejo do que receamos que o mundo e a vida não nos permita
no lugar da dor percebemos o que evitar e o que procurar no mundo e na vida
no lugar da dor descobrimos o medo de sermos o que somos longe das certezas de todos e de ninguém

no lugar da dor afogamo-nos e morremos lentamente no cumprimento dos desejos cegos dos demais
no lugar da dor perdemos o mundo e a vida
no lugar da dor esquecemos a liberdade o amor e a felicidade

mas que lugar terrível este...
onde ninguém quer estar mas de onde ninguém sai
condenando e condenando-se ao martírio de uma vida sem luz nem brilho

em vez de o evitar
mergulhei profundamente nele...
e descobri que ele só existia na minha fantasia e no meu medo
e que o mundo e a vida acontecem longe desse lugar que não existe e a que todos chamam de dor
e recuperei a liberdade o amor e a felicidade que nunca perdi
sobre as quais apenas adormeci no sono da minha inconsciência

do caminho dos outros não sei...
apenas posso ser responsável pelo meu...
é nele que eu existo em permanência...
é comigo mesmo que eu tenho que coexistir

os outros... acompanho-os
mas nunca me encontrarei com eles no lugar da sua dor
nem no lugar do que chamam amor...
enquanto um for a consequência directa da ausência do outro