terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Livre e Feliz

a noite vai caindo...
misturam-se os limites que fazem o horizonte
diluindo-se a intensidade das cores num negro sem formas
batido pela chuva carregada por um vento que passa sem destino

os sons vibrantes da vida dos limites anunciam futuros vazios e passos perdidos
cuja intensidade se percebe pelo ruidoso das afirmações que parecem incontornáveis
cortando o silêncio que me invade o corpo
fazendo-me ouvinte das conversas de que não participo nem escolho
em vozes graves e compostas que nos lugares próximos insistem em fazer-se ouvir
percebendo-se a felicidade que os muitos perdidos sentem na proximidade de outros tantos que não se encontram...
parecendo seguros dos lugares cheios dos seus entendimentos que imaginam destino de todos

a existência revela-me no corpo os segredos da ausência dos que se afirmam perto
e eu só não lhes entendo o sentido por teimosia e falta de convicção
mas... nada disto interessa

a vida desenha-se como um poema de sabores desconhecidos
escrito por todas as palavras que o meu silêncio não diz
em que o que para os demais é uma fantasia distante
para mim é a mais inebriante realidade que a existência me permite
agora... sempre agora

mais livre e feliz... é impossível