distancio-me de toda a horizontalidade...
é indiferente por onde o meu corpo caminha e a razão me leva
os meus desejos afirmam-se e satisfazem-se mas já não me arrastam na sua loucura
o deslumbramento pelo imediato da vida retida pelos meus sentidos cessa devagar...
nasce o sol num horizonte novo para além de todo o conhecimento
navego acima de todos os ruídos que já não escondem o silêncio que me envolve
nasço lentamente para a vida num mundo por onde não sei andar
sou obrigado a um novo vocabulário de sons e gestos que não sabia possíveis
por mais que me tente manter atento ainda me escapa a luz da realidade que os meus sentidos não captam nas formas de sempre...
como se fosse preciso ser cego para poder ver alguma coisa...
aprender já não é possível...
já só posso esquecer e ignorar os limites do conhecimento
crescer e transformar-me parecem ser a afirmação da ausência de todos os caminhos a que me entreguei
já não existem caminhos do silêncio...
existe apenas silêncio...