sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Fronteira

rasgo os limites do mundo fechado nas palavras animadas pelos sentidos de razões persistentemente vazias

é mais um véu escuro a esfumar-se lentamente
deixando-me apenas memórias de futuros por cumprir
erigidos sobre os escombros arrumados no entendimento de sensações fugazes
ideais que um dia alguém disse serem metas...
e eu tomei e tentei viver como verdade absoluta

aceito a vida por inteiro...
e isso obriga-me a deixar de lado o pesadelo dos sonhos sempre adiados...
e isso obriga-me a deixar de lado a possibilidade de me entregar a novos sonhos
sonhos a viabilizar noutros tempos e noutras histórias que não estas em que aconteço

num mundo de sonhos em que se procura viver as palavras de que são feitos
encontrar e permanecer na realidade obriga-me a transcender todas as palavras...
obriga-me a deixar a cair o medo que a ideia de existir para além do sonho transporta...

o medo é a fronteira entre a vida e o sonho...
é uma fronteira feita de palavras...

e eu continuo a rasgar todos os limites do mundo...