quinta-feira, 7 de abril de 2011

ser.. não sendo

o amor não existe…
o amor é uma palavra que procuro que fale daquilo a que chamo amor

o que experimento do amor não se esgota no que conheço da palavra…
e o que eu conheço da palavra é o que dela me ensinaram e aprendi…
e o que me ensinaram e aprendi dos limites da palavra
não é (de todo) aquilo de que a palavra procura falar

sinto que passei a vida a tomar as folhas secas que apanhei num lugar qualquer da minha vida
como sendo a floresta imensa de que faz parte a árvore de onde caíram as folhas que teimosamente seguro como verdade absoluta…

deixo finalmente cair as folhas velhas que o vento vai levando para longe
e começo a descobrir a floresta imensa que me percebo parte…
que sou não sendo…

daquilo que o amor fala já quase não lembro a palavra
e muito menos os limites que lhe aprendi e nos quais me quis e aceitei vida
porque o aflorar daquilo de que o amor fala torna inúteis todas as palavras e gestos religiosamente guardados e perpetuados no meu ser

já é o tempo de deixar as palavras no tempo e nos lugares que lhes deram forma e sentido
já é o tempo de mergulhar e desaparecer naquilo de que as palavras procuram falar…
sem nunca o serem