segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Página em branco

olho para a folha em branco que tenho à frente
e uma vontade inexplicável de pegar numa caneta e escrever toma conta de mim

não penso muito no que quero escrever
deixo apenas que as palavras se desenhem

sinto a minha vida como esta folha branca
sem angústias face ao que nela será escrito
sempre pronta e disponível
para o que nela se quiser riscar
sem censura ou moral
seja qual for o propósito que se lhe associe

o destino deste frágil suporte não importa
desde que se cumpra
desde que me cumpra

sinto cada momento da minha vida como a folha em branco de um livro a escrever

a cada página escrita vou compreendendo que o fascínio maior não está no que escrevi
mas no que escrevo agora
não pelo que escrevo
mas pela oportunidade de o fazer
pela consciência da aventura extraordinária que é a vida
quando nos permitimos ir além da leitura dos livros de outros
quando nos permitimos ir além da cópia de textos e ideias de outros
quando nos permitimos ser autores da nossa própria história
livres para escrever o que quisermos
conscientes da liberdade que é para além do que sobre ela penso

e por isso escrevo
apaixonadamente
cada vez menos apaixonado
cada vez mais paixão

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