segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Abraço-te...

amor
sempre o amor...

o ser humano vive a demanda do amor

não lhe conhecendo o sentido
conheço-lhe a forma
conheço-lhe a manifestação e... a ausência

aprendido no primeiro abraço
depressa deu lugar ao cumprir de desejos
que sendo do mundo
não se satisfazem com o mundo

só noutro abraço com a qualidade do primeiro
o amor parece voltar a ser possível

procuro abraçar o mundo
na esperança de sentir no abraçado o que no início senti...
mas apenas encontro a mesma ausência que a mim me move

ao olhar para o abraçado
procurando no abraço repetir o que no abraço primeiro se cumpriu
deixo escapar o abraço que acontece
deixo escapar a oportunidade do amor...
que em mim acontece

cego pela história dos meus desejos cumpridos ou por cumprir
que não são amor presente
nem o foram no tempo em que aconteceram
insisto em repetir o erro...

insisto em procurar no exterior
o que imagino em mim gerador de sensações
a que me habituei a chamar amor

se por momentos me iludo
depressa descubro que as sensações tidas não são o que procuro

e esse é o erro...
confundir o amor com as sensações que são por ele geradas

observo-me
pacientemente
e percebo... o amor já existe em mim
percebo que eu sou viável porque o amor acontece em mim
percebo que sou amor para lá do que sinto e entendo

percebo que num abraço apenas se pode cumprir o amor
não o meu e o do outro
mas um amor maior

percebo que não me dou conta dessa realidade
quando me centro numa sensação
quando me centro na satisfação de um desejo
quando me descentro e passo a confundir com a periferia de mim

quando abraço
quando te abraço
não procuro nada
limito-me a viabilizar...
em mim... o cumprir desse amor maior
em ti... o que tu quiseres

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