sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Observo...

observo...
observo-me...

esteja onde estiver
estou sempre noutro lugar
mesmo não estando

tento perceber se deveria estar noutro lugar
ou se não quero estar onde estou...

esteja sozinho ou acompanhado
estou sempre com outras pessoas por perto
mesmo não estando

tento perceber se deveria estar ao pé de outras pessoas
ou se não quero estar sozinho...
ou estar ao pé de quem estou...

apesar de só existir agora
projecto-me sempre noutro tempo que não este
sem nunca dele sair

tento perceber se não quero existir neste tempo
ou se neste tempo acontece alguma coisa
que nele não me deixa querer estar...

siga eu que caminho seguir
fico preso da ideia do que seria a minha vida
se outro tivesse sido o caminho escolhido
mesmo não sabendo que caminho sigo

tento perceber se é o caminho que imagino seguir que me incomoda
ou se terá sido por me ter perdido...
no caminho que não sei

as respostas não se desenham...
e quando a compreensão do que observo parece comprometida pela sua ausência
percebo... que nada há para perceber

apenas se impõe a consciência da falta de sentido e de razão
para o que faço por uma qualquer razão ou sentido

quanto mais disso ganho consciência
mais tranquilo vou ficando

vou percebendo que resulto menos do que faço
e mais do que em mim é acontecer
para além desse fazer que pareço procurar

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