deixei de brigar com a existência
deixei de procurar na razão
as razões para uma qualquer forma de existir
deixei de procurar impor-me um sentir
que no desejo do outro era suposto cumprir-me como razão
num certo ou errado que cada vez mais compreendo arbitrário
deixei de procurar fazer-me eco e resposta
das razões, desejo e sentir
dos que pela proximidade do acontecer
me procuram em gestos cegos e perdidos
como se em mim estivesse a resposta às perguntas
em que ainda não pensaram
mas que julgam impor-se e entendem importantes fazer
deixei de procurar fugir ao acontecer
que de mim faz promessa de felicidade e bem-estar
em sonhos que não meus
mas de que acabo por fazer parte
e aceito ser parte
deixo de procurar acontecer colado aos dizeres que aprendi
pela força do deixar acontecer da existência
liberto-me dos limites a que me imaginava obrigado
e a vida devolve-me a vida
na intimidade do beijo e do abraço que experimentámos
no olhar e no sorriso que trocámos
no dizer que me devolves
na forma das palavras que escrevi e docemente guardaste
dou corpo à liberdade em que insisto em manter-me
resistindo à tentação de me cumprir no que aprendi
fazendo questão de deixar que o tu e eu que somos
se cumpra no acontecer único que só nós podemos
num encontro em que o corpo não é fim
mas meio e princípio
consciente e presente
não tenho de ti o desejo do comum
mas sinto em mim a oportunidade do acontecer maior que contigo se desenha
na proximidade em que a distância não existe e o tempo não conta
pelo sentir de que me sinto animado
e que em ti sinto como sentir
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
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