aprendi-me imperfeito num mundo perfeito
aceitei-me imperfeito na proximidade da perfeição
senti-me imperfeito no olhar e no dizer dos demais
tentei e ensaiei a perfeição vezes sem conta...
mas o meu destino reconhecido era mesmo a imperfeição
e fizesse eu o que fizesse... de imperfeito não passava
rendi-me a um juizo de imperfeição de todos e de ninguém
e até de advogado de acusação da minha própria imperfeição me tornei
ainda tentei fintar e iludir a imperfeição que se me colava à pele
mas não conseguia enganar o juiz que em mim permitia
e me condenava impiedosamente...
neste tormento teria continuado para o resto da minha vida...
quis a existência ou a idade que outro olhar me fosse permitido
e num mundo de silêncios percebo...
a perfeição não é atributo ou qualidade intrínseca do observado
a perfeição não é senão uma ideia vaga que o observador tem
do que deveriam ser os atributos ou qualidades que ele gostaria de ver no que o rodeia e em si
feitos à medida dos seus desejos e convicções
que têm mais que ver com ele do que com o outro...
hoje...
enquanto observado... é-me indiferente o que em mim é visto
enquanto observador... percebi o absurdo do exercício de classificação
que a mim não adianta e ao outro não traz ganho nem perda
já não visto o papel que de mim faz objecto de observação de alguém
e o papel do observador que aprendi já não me serve
deixei de lado as minhas ideias de imperfeição
deixei de lado a perfeição que procurava no que me rodeava
e o mundo mudou aos meus olhos...
tornou-se verdadeiramente perfeito
mesmo quando para os demais continuava... imperfeito
hoje...
falando depressa e bem...
que se lixe o que os outros acham sobre o que é perfeito ou imperfeito
que se lixe o que os outros se empenham em fazer crer como certo ou errado
a vida está muito para lá disso
e eu estou mais empenhado em vivê-la
do que desperdiçá-la
dizendo-a...
domingo, 8 de fevereiro de 2009
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