vejo o mundo a correr desenfreadamente para a loucura
fico paralizado a olhar para tanta insanidade
tento gritar... mas não me ouvem!!!
as pessoas caminham sorrindo para um mar de dor
como se estivessem num passeio pelo mais bonito dos jardins
pisando a linha da vida com uma ligeireza assustadora
de mãos dadas
puxando-se alegremente uns aos outros
grito desesperadamente
vejo a teimosia
a inconsciência e a insistência quase infantil
com as quais tento lutar sem sucesso
sinto-me impotente e sou obrigado a assistir de camarote
ao desastre...
percebo que não posso fazer nada
resignado respiro fundo
calo a fúria que sinto por não coseguir fazer as pessoas acordarem do sono de loucura a que se entregam e a que chamam vida
chamam-me para as acompanhar nos seus sonhos coloridos...
não posso fazer nada
só as posso deixar partir
deixo-as partir
o caminho de cada um... só cada um o pode percorrer
o caminho que posso
sendo o da minha loucura ou do quer que seja
se eu não o percorrer ninguém o pode fazer por mim
o caminho que cada um escolhe
escapa à minha vontade...
cada um é responsável pela sua própria vida
e tem direito a fazer dela o que entender
agora
quando vejo o mundo a correr desenfreadamente para a loucura
já não grito
é indiferente o que eu tente fazer
por isso... que corram!