mergulhei no mais fundo da minha existência...
lutei contra as correntes da razão
briguei contra as urgências do meu desejo
impedi as fugas do presente para um tempo arbitrário e conveniente
sacudi todas as ausências que me prendiam ao nada dos certos e errados solitários dos meus dias
ignorei todos os sentires que descobri não me pertencerem
deixei cair todos os choros medos e dores que me escureceram os dias
mordi a vontade de dizer o que sabia serem as respostas de todos e de ninguém
esqueci todos os gestos seguros
afoguei todas as esperanças e destinos
saí dos caminhos traçados com fim à vista sempre igual
silenciei todas as vozes da loucura que falavam sem dizer nada
transformei os meus silêncios em gritos de guerra
rompi os véus proibidos da humanidade
e quando o fim se desenhava... deixei-me ficar tranquilamente
apreciando a intensidade de cada segundo...
o fim era afinal o extremo indistinto e coincidente com o início de um movimento circular contínuo e interminável
o lugar de todos os silêncios oferece-me a oportunidade de ser a liberdade que desenha o meu sorriso
e eu feito atrevido... saltei directamente para a mais estrondosa das gargalhadas
ah vida... que artes te fazem tão difícil e inacessível na cabeça dos homens
quando és afinal dádiva presente sempre disponível e generosa...