domingo, 13 de dezembro de 2009

As artes da vida

mergulhei no mais fundo da minha existência...
lutei contra as correntes da razão
briguei contra as urgências do meu desejo
impedi as fugas do presente para um tempo arbitrário e conveniente
sacudi todas as ausências que me prendiam ao nada dos certos e errados solitários dos meus dias
ignorei todos os sentires que descobri não me pertencerem
deixei cair todos os choros medos e dores que me escureceram os dias
mordi a vontade de dizer o que sabia serem as respostas de todos e de ninguém
esqueci todos os gestos seguros
afoguei todas as esperanças e destinos
saí dos caminhos traçados com fim à vista sempre igual
silenciei todas as vozes da loucura que falavam sem dizer nada

transformei os meus silêncios em gritos de guerra
rompi os véus proibidos da humanidade
e quando o fim se desenhava... deixei-me ficar tranquilamente
apreciando a intensidade de cada segundo...

o fim era afinal o extremo indistinto e coincidente com o início de um movimento circular contínuo e interminável

o lugar de todos os silêncios oferece-me a oportunidade de ser a liberdade que desenha o meu sorriso
e eu feito atrevido... saltei directamente para a mais estrondosa das gargalhadas

ah vida... que artes te fazem tão difícil e inacessível na cabeça dos homens
quando és afinal dádiva presente sempre disponível e generosa...