já me encantei por todos os brilhos que pintam o infinito
mas acabo por me perder sempre no vazio eterno que os torna possíveis
permaneço cada vez mais nesse espaço de ninguém
encontro-me com a tranquilidade desses lugares do nada
descubro o conforto no silêncio solitário dessa escuridão
não me ofereçam mais estrelas brilhantes...
não me chamem para o lugar de todas as razões seguras em nome de todos os medos
não me façam parte de todas as dores que não sinto
não me tentem fazer objecto de um querer que me confina aos limites do sonho de quem me quer
não me tornem culpa da infelicidade que cada um escolhe
não me procurem escravo das memórias breves que da minha vida se julga ter
não me vejam nos lugares em que não estou
não sou resposta nem caminho para ninguém
sou apenas a afirmação da liberdade na forma de um sorriso
que a felicidade sem causas e um amor sem objecto encontram
no imenso vazio do universo em que brilham todas as vidas que não sou
em que ecoa o meu silêncio sem condições
em que se reflecte o nada que me define as formas sem propósitos
começa a fazer-se tarde...
