quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sorrindo... sempre...

voo ligeiro por sobre o frio das razões que me condenam
sacudo o medo e a solidão dos lençóis da cama em que me deito
recuso-me a ser o amante em falta nas noites frias e chuvosas que não escolhi
abandono prontamente o rio das dores de quem de mim dele faz fonte
mergulho fundo nas janelas da vida que me abrigam das intempéries da loucura
do hoje não e amanhã talvez... que quem está ainda não chegou e quem já foi ainda não partiu

deslizo por entre as frestas das portas da existência que os homens se esqueceram de abrir
rasgo os véus negros do silêncio alterando a ordem e as cores do mundo
solto os pássaros presos aos gestos do meu prazer egoísta
destruo as pontes que me fazem sempre na margem errada
inverto a contagem decrescente que anuncia o fim dos tempos

páro... ofegante... cansado...
questiono-me sobre o que ainda faço no caminho dos homens...
e só recebo como resposta... o silêncio
serei parte de todos os caminhos...
sem que nenhum deles seja alguma vez o meu...

sendo o caso... só me posso render e entregar aos encantos da vida
sorrindo... sorrindo sempre...