quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Ficar quieto...

ficar quieto...
sem perturbar a linha do horizonte traçada a régua
por um céu que se quer distinto do mar profundo que pisa

ficar quieto...
sem deixar que a brevidade dos ruídos próximos
quebrem o silêncio desse horizonte que se anuncia docemente tranquilo

ficar quieto...
sem correr atrás do vento que me trás a dor e o medo distantes
como fogos que todos alimentam com as razões que ninguém cala e a ninguém serve

ficar quieto...
sem seguir o sonho pintado com as cores do desejo satisfeito num momento
e por cumprir em todos os horizontes que se seguem e se perdem

ficar quieto...
sem fazer do limite dos sentidos do meu entendimento
os domínios da vida de que o horizonte de que eles são capazes deixa de fazer parte

ficar quieto...
sem fazer do horizonte que adivinho meta distante
longe de todas as esperanças
é a aventura da minha vida...

sempre que fiquei quieto...
percebi-me horizonte para além de todos os horizontes...
descobri-me lugar de todos os crepúsculos da existência
encontrei-me com a eternidade na brevidade dos limites em que me reconheço

e essa é a minha aventura...
ficar quieto...