quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Náufragos da Vida

sinto os sorrisos ausentes na dor dos que se querem perto
encontro-os espalhados nas pedras da calçada de todos os dias
esquecidos numa corrida sem meta nem prémio
que ninguém quer...
que ninguém sabe como evitar...

perguntam-me silenciosamente pelo brilho da vida que imaginaram e não encontram
perguntam-me silenciosamente pela alegria que os devia preencher e tarda em chegar
olham-me timidamente nos olhos em busca da confirmação da justeza do caminho que lhes disseram certo
olham-me no fundo da alma procurando o aconchego que lhes devolva a tranquilidade de dias distantes
tocam-me... para ter a certeza de que estão vivos
tocam-me... tentando acender em si a chama que já não sabem acender

gritam risos que soam a felicidade breve e tristeza longa
pintam os vazios das suas vidas com as palavras curtas de todas as razões distantes usando todos os gestos esquecidos de que são capazes
choram no silêncio dos seus sorrisos cansados

aprendi-me náufrago neste quadro escuro do entendimento dos homens...

mas essa não é a minha história...

sacudi todos os ruídos do imaginário que me sufocavam...
gritei a vida a plenos pulmões...
agitei o silêncio da eternidade...
atirei ao chão todos os medos e todas as dores...
alterei as urgências do mundo...

acordei...

repouso na origem do meu sorriso de criança
tranquilo...
emprestando à existência o meu riso sem fim...