segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O sabor da vida

no lugar tranquilo do meu amanhecer
visitam-me as sensações de prazer e bem-estar
da brevidade da vida que insisto em reter no corpo

a lassidão que invade o meu sorriso
afasta os medos e as certezas de outros tempos
que os anunciadores da desgraça e da tristeza transportam
em vozes metralhadas em estridente histeria

já nada me incomoda...
a dor já não mora por estas bandas há muito tempo...

o desejo reassumiu em mim a medida da satisfação imediata da vida que se cumpre no meu corpo
e perdeu a capacidade de se projectar nos cenários de prazer longínquos
meticulosamente construídos nos gestos e nas palavras dos lugares comuns
que todos procuram e em que ninguém se encontra...

que sabor delicioso tem a vida...
sem os temperos excessivos das certezas e dos medos de outros tempos