sexta-feira, 21 de maio de 2010

um dia...

sou parte de um quadro inventado para o descanso do espírito que me anima…
nada do que nele se desenha ou afirma
ficará para além do tempo breve dos gestos que lhe dão cor e forma

este é o lugar em que a liberdade o amor e a felicidade que me fazem
ganham corpo fora dos sonhos distantes em que os aprendi

recuso-me a viver a sua ausência como regra…

se só for livre em sonhos
ou da liberdade fizer meta a cumprir um dia que não hoje
o que é que viverei em todos os outros momentos em que ela não se verifica?

se fizer do amor um sentir que se cumpre em sonhos
ou o condicionar à forma dos meus desejos e do meu entendimento
que sentir será o que viverei enquanto o sonho não se cumpre e as condições não se observam?

não aceito viver a felicidade que em mim percebo como um prémio ocasional sujeito às leis do acaso

o espírito em trânsito de que em mim me dou conta
rejeita as condições artificiais da humanidade que para si inventou o medo
e se vestiu com a dor tecida nas razões do absurdo

é outra a matéria de que sou feito...