quinta-feira, 20 de maio de 2010

fim dos remendos

rasgaram-se as vestes da ilusão com que tentava cobrir a existência
num esforço conjunto com o resto da humanidade para validar uma distante verdade absoluta

o reencontro com o momento anterior a qualquer afirmação
de que a mais pequena palavra é testemunha
não me faz ignorante…
devolve-me à realidade e oferece-me a oportunidade de despertar em mim um ser adormecido em quadros animados
pintados com as cores dos meus sentidos e preenchidos com as formas dos meus desejos e certezas

durante muito tempo tentei remendar os rasgões observados nas minhas razões
com os gestos repetidos e seguros de sempre

agora… luto ferozmente para me libertar das vestes com que me imaginava cobrir

do que me rodeia
já não vejo o que via nem encontro o que antes pensava existir…
vejo e encontro o que as palavras não dizem e os gestos não anunciam