quinta-feira, 8 de julho de 2010

o nada que aprendi a evitar

por entre os objectos da minha atenção
que toco pelos sentidos que consigo alerta
acontece a existência que me escapa
pela prática da eleição sistemática do que me faz conhecedor do que consigo nomear
e me anuncia ignorante
na afirmação dos limites do meu entendimento como limite absoluto da experiência do infinito que me é permitido

cansado da inútil afirmação do absurdo da minha ignorância
calo-me na gradual consciência desse lugar meio em que aconteço e por onde me vou perdendo
deslumbrado pelo encontro cada vez mais fundo com o que tomava apenas por palavras e ideias vazias e abstractas
e que todas as palavras do mundo não conseguem

sou muito menos e muito mais que os pensamentos que partilho com os outros como verdade

a oportunidade de ser o nada que aprendi a evitar
faz-me a consciência do todo em que adormeci
aconchegado pelas certezas que animaram os gestos sonâmbulos da minha vida

dormir é bom
mas... vai-se aproximando o momento de acordar
de me levantar e seguir viagem...