domingo, 1 de agosto de 2010

a vida segue serena

lanço âncora no presente
e vejo o mundo seguir desenfreado a caminho de um tempo que não chega ou que já foi
mas que é sempre outro que não aquele de que desisti de sair

perco a ilusão da companhia nas viagens que nunca fiz
ganho a ausência dos medos escondidos numa qualquer dobra do tempo que há-de vir ou que já veio e me condena

aceito-me num acontecer que escapa aos limites de todos os caminhos traçados pelas certezas morais de quem não conheço
e descubro-me marginal à loucura dos homens que se atropelam na escuridão que imaginam o lugar seguro do que receiam viver

perco a ilusão dos destinos que nunca viverei fora da minha fantasia
ganho a ausência dos lugares onde não estou e recupero a presença em todos os momentos iluminados da minha vida

escuso-me a todas as razões que me prendam a quem nunca está fazendo-me longe de mim mesmo
e percebo-me disponível para acompanhar um mundo que receia perder-se quando invoca o receio da perda dos outros

perco a ilusão da pertença ao que não existe para além de todos os entendimentos
ganho a serenidade que me permite vibrar com a alegria de me perceber vida para além da vida que todas as palavras não têm