sexta-feira, 6 de agosto de 2010

horizontes

uma parte de mim afoga-se no espaço imenso que medeia entre cada duas letras das inúmeras palavras do vocabulário dos meus sonhos e desejos
de um mundo zelosamente construído com as ideias de outros e de há muito

grito no vazio o silêncio que me invade o corpo
mas quem me ouve aplaude a serenidade e louva a presença de espírito e ponderação que lhes chega no sorriso que me vêem

correm-me para os braços à procura da certeza da ternura que sabem existir algures num lugar que não imaginam em si e julgam em mim quando os abraço...
olho docemente o náufrago da vida que sou...


o lado que de mim sente o desânimo da partida dos gestos e palavras seguras de sempre
tenta desesperadamente manter-se vivo...
mas o dano no edifício dos lugares comuns da humanidade em mim é irreparável e a mudança inevitável

o silêncio em que me torno a cada palavra que calo
aguarda pacientemente a partida dos últimos ruídos que insistem em ficar

a eternidade é o meu tempo e o presente o lugar em que parte de mim acontece

aos homens e mulheres da minha vida devo o alargar dos meus horizontes
pelo espaço que lhes ocupava e me foi reclamado
e foi tanto o espaço que lhes tive que dar
que o infinito se tornou a minha casa

deus está longe e a humanidade tem dificuldade em saber como sê-lo
e os homens mais não sabem que os sonhos e desejos que aprenderam

solto um suspiro fundo e descontraio... o sol põe-se devagar