são tantas as sombras carregadas de dores que me olham a alma em busca do sorriso que não sabem onde deixaram
que quase deixo de perceber em mim o brilho de que sou feito
habituo-me a ver a queda das pétalas que me fazem flor e esqueço-me da árvore que sou e escondo por baixo de uma pele feita de vidro pronto a rasgar-se em mil gargalhadas
na morte do silêncio que as carpideiras treinadas em choros que não conhecem e escondem por baixo das vestes negras do medo que tentam afastar
descubro o silêncio anunciado nos gritos abafados de quem não sabe se vive se é alma penada
deito fora os últimos limites das vontades que não se cumprem e não sei se são minhas se dos outros
e começo a aceitar-me parte da corrente louca da vida
que me faz sempre em todos os lugares que as certezas e os certos dos homens não contemplam para além daquilo em que cada um deles acredita
sinto-me vivo...
muito para além da vida que a palavra que a designa consegue