sexta-feira, 24 de setembro de 2010

parte de mim

apago as luzes do quarto escuro que iluminei com os desejos esquecidos que alimentaram o frenesim dos meus gestos e palavras
abandono a esperança que todos os sonhos deixaram por cumprir
aceito-me longe dos trilhos imaginários que todos garantem reais
expludo as pontes que me podiam levar de volta ao mundo das histórias sem fim que se repetem todos os dias
refugio-me no lugar aconchegante de todas as ausências
dispo as dores que trajei nas ocasiões especiais
e preparo-me para deixar adormecer em mim o carcereiro impiedoso feito das certezas que me faziam sempre errado
parte de mim descansa na paz dos homens que já não se lembram do que era sê-lo
parte de mim retoma o silêncio de que sou feito