segunda-feira, 11 de outubro de 2010

os sons do meu silêncio

ensaio o desenho das letras que formam o som do meu silêncio e apenas consigo um frágil borrão sem sentido garatujado numa folha de papel
quase desespero na ponte que tento entre o mundo feito de episódios descontínuos e desgarrados que aceitei como vida e o silêncio em que me sinto vibrar para além de todas as sensações que sou capaz de enumerar

os sons do meu silêncio não são sons...
são estados de um êxtase solitário emergentes da diluição dos limites da minha estima…

o melhor dos dois mundos que me são permitidos não cabe no lugar breve do meu acontecer…
o homem que me preocupei em preencher com o que de mim imaginava certo chega lentamente ao fim

começa a ser tempo do ser novo que sempre fui e sempre me escapou
sou um homem feito de silêncios sem ontem nem amanhã
percebo-me cada vez mais o lugar dos silêncios em que me aceito e entrego ao prazer de ser eternidade...