terça-feira, 5 de outubro de 2010

o meu sorriso

um céu de fim de tarde liberta-se da passagem da luz que se ignora prisioneira de todos os amanhãs que constroem a esperança dos homens
que estando de passagem num quadro animado feito de nada a que chamam de vida
se entregam aos sonhos e às dores dos impossíveis que alguém disse serem meta e condição

descubro que o meu sorriso não é feito dos gestos e dos sons que me fariam fugazmente alegre num mundo de gente que se aprendeu a conhecer triste…
mas que o imenso vazio feito de pequenos e silenciosos encontros das partes que um dia terão sido o tudo que esquecemos
desperta em mim a infinidade de sensações e sentires que me rasgam a alma num gargalhar que a minha voz não consegue e o meu corpo não tenta

flutuo no prenúncio de um voo sem destino porque o destino se perdeu e perde importância…
importa mesmo é voar…

num céu de um anónimo fim de tarde… ensaio a consciência do voo livre que só os homens podem e lanço-me no lugar vazio da eternidade
vestido de silêncio com asas feitas de sorrisos
que não são feitos dos gestos e dos sons que me fariam fugazmente alegre num mundo de gente que se aprendeu a conhecer triste…