sábado, 2 de outubro de 2010

proscrito...

a escuridão impera nos lugares mais iluminados da vida
como se à luz fosse retirada a propriedade de ser ela mesma e apenas lhe fosse permitido manifestar-se pelo que preenche a sua ausência

os que não se conseguem para além desta
perdem-se na periferia e na ilusão das formas cujos sentidos confundem com as palavras religiosamente guardadas que as fazem

todas as palavras são quartos escuros e vazios sem entrada nem saída feitos da fantasia da conveniência de cada um
entrar nelas é impossível…
sair delas… não há como

aprendi a fugir da luz porque a aprendi como o lugar mais negro e assustador em que as razões da humanidade se perdem…
mas… a escuridão não existe
é só a palavra que os homens utilizam para falar do que vai para além dos limites da sua percepção que confundem com os limites da realidade

viver além desses limites faz-me feito de palavras erradas
constantemente proscrito no texto primorosamente escrito por quem se quer sempre certo sem sequer saber o que isso é…
em contrapartida… devolve-me à luz que ilumina todos os textos da humanidade