quarta-feira, 20 de outubro de 2010

que se dane...

visto de negro as palavras que se formam no caos das minhas certezas
calo os gestos que me prendem à conveniência dos dias que passam sempre iguais
apago a luz breve que ilumina a incerteza dos passos cegos a que me obrigo
despejo o homem que nunca fui no lugar vazio da moral dos absurdos onde me fui buscar

recuso continuamente as vestes deslumbrantes tecidas com os fios do sonho e as cores da fantasia
furto-me à passagem veloz e alucinante da ideia de um tempo que não existe onde os demais se parecem encontrar
insisto em permanecer tranquilo num cenário feito de anunciadas gargalhadas…
animado de prometidos gestos envolventes e inebriantes palavras
e descubro-me mergulhado numa angustiante sensação de dor que não me pertence…

e se o que sinto não me pertence… que se dane o mundo que não é mundo

o mundo não existe…
o mundo é uma palavra que fala de algo a que chamamos mundo