terça-feira, 1 de março de 2011

depois...

faltam-me palavras novas para falar de coisas velhas…
e no lugar do novo
apenas o silêncio se me oferece como matéria dos gestos que ainda me restam…

a existência generosamente insistente põe-me aos pés o que a vida das minhas escolhas me faz desperdiçar
percebo que o que tento dar é insignificante…
percebo que muito mais é o que transporto comigo e não sei…
percebo que o fado da posse não se cumpre em mim apesar da minha vontade…
e tirando as palavras e os gestos que me fazem egoísta num mundo de perdulários altruístas do acaso
percebo que a fortuna que a vida me oferece a cada instante…
se eu não a gastar não aproveita a ninguém

não posso dar o que não tenho…
preciso permitir-me receber e depois…
que aconteça o que tiver que acontecer