cresci a acreditar que tenho as formas que alguém me diz
mas as formas que alguém de mim diz
mais não são do que as suas próprias formas
definidas em si pela proximidade de mim
outro seja o ser referido
outras serão as formas que nesse alguém se definem
pelos sentidos aprendidos da sua realidade
na proximidade da realidade que julga no que o rodeia
esse sentido aprendido
ditará a forma que sendo sua julga em mim
mas que de mim e dos outros só tem a ver
a forma que em si ou a partir de si
se habituou a compreender
mais não sou, mais não somos do que pretexto
para a definição de uma imagem
que de si e em si alguém não pensa ou reconhece
se procuro as minhas formas
basta-me olhar para as formas que nos outro imagino
que mais não são do que o que em mim se forma
de sonho, fantasia, desejo ou outra coisa qualquer
que a esses outros atribuo
no bonito e no feio que em mim percebo
pelo que do outro julgo dizer
descubro que outra terá que ser a minha forma
de tão disparatado que é o sentido do observado
percebo que esse sentido erróneo da realidade
que não sendo do outro e em mim me faz sentir mal
só o mantenho... enquanto assim o entender
não tenho porque nele continuar
deixo de procurar a minha forma no que os outros de mim referem
deixo de tentar atribuir-me ou reconhecer formas pelas formas que aos outros atribuo
e percebo que fora de uma e de outra prática...
não tenho forma
a forma que sinto e em mim reconheço
é a que o vento ganha
quando
face a cada forma que no seu caminho se pretende efectiva e que de mim não fala
encontra meio de a contornar, envolver e seguir
sem lhe causar dano
por isso digo que...
tenho a forma do vento
quinta-feira, 19 de junho de 2008
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