domingo, 13 de julho de 2008

Pausa

(Momentos dos Silêncios Meus)

há momentos do dia em que me sento e paro
saio de dentro do homem que construo todos os dias e em todos os momentos
e concedo-me alguns minutos de paz e tranquilidade

observo o que me rodeia através do que registo em mim
coíbo-me de processar qualquer informação
tento deixar de ser emissor seja do que for
tento deixar de ser condicionador da existência
deixando de me condicionar pelo entendimento dela

fluo e fruo o espaço de que faço parte
verifico que as fronteiras de mim se alargam e esbatem
diluo-me
descubro a ausência do centro que julgava dar-me consistência
viabilizo-me no que sinto
e experimento uma realidade distinta da que julgava conhecer

não explico mas intuo a diferença e a distância
entre a existência e o que dela aprendi e aceitei como verdade

a minha abordagem à realidade deixa de ter uma questão na origem
a minha relação com a realidade deixa de ser mediada por pré-existências conceptuais
vou deixando de me diferenciar do que me rodeia
vou aceitando acontecer sem regra ou preceito
abandono a contenda
viabilizo o equilíbrio do todo em que me integro
torno-me cada vez mais silêncio
deixo de ser um
passo a ser tudo... sendo nada

depois levanto-me
volto a vestir a pele do homem em que me sinto confortável
e volto a adormecer

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