Ecos dos Silêncios Meus
nada do que pela razão seja objecto de enumeração
mesmo que se reporte à realidade, dificilmente se poderá confundir com ela
a realidade acontece
e enquanto tal
é sempre presente
da realidade só se pode dizer que
ou se experimenta ou não
ou acontecemos com ela ou não
quando sobre a realidade a razão elabora
fá-lo em abstracto
num tempo que será sempre posterior
em que a realidade já não é realidade
é apenas memória
de uma experiência parcial
a razão elabora no segundo ou milésimo de segundo seguinte à realidade
mas nunca em simultâneo
pode, no extremo, procurar antecipar a realidade
mas nunca acontecerá em simultâneo
vivendo no universo da razão, pela razão
acontecemos antes ou depois da realidade
mas nunca em simultâneo
é desse eterno desencontro entre a razão e a realidade
que o mal-estar acontece
a felicidade, a alegria e o amor se sonham
transformando-se em experiências raras, efémeras e duvidosas
como acontecer na realidade e não no mundo da razão?
acontecer e seguir com a realidade
deixar que a razão surja
deixar que a razão permaneça o tempo tiver que permanecer
deixar que a razão se vá
não me colar ao que está para lá do que acontece
é o caminho em que procuro manter-me
quando a felicidade, a alegria e o amor se esbatem
sei que deixei a realidade
e segui uma qualquer razão
da realidade distante
que num segundo vale a eternidade
numa distancia temporal com tendência a aumentar
a realidade acontece
sempre agora
e eu...
cada vez mais com ela
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