sábado, 20 de setembro de 2008

Percursos do meu silêncio

a razão
que tem no exercício da linguagem a sua expressão
implode a cada segundo
fragmentando-se no milhão de palavras em que construí a vida

a reconstrução que tenta no segundo seguinte
surge sempre tosca e frágil
sendo necessário cada vez menos energia para a fazer cair

neste momento já quase não se consegue recompor
e da poderosa senhora que foi e da minha existência decidia
resta apenas... o lugar vazio

os papeis invertem-se
e nesse mesmo lugar vazio
de escravo passo a senhor

recuperada a liberdade esquecida
volto à infância
agora com a segurança que só a sabedoria do homem livre porque crescido
em mim permite

comecei como ouvinte
deixei que em mim acontecesse da vida a experiência
e agora cumpro-me no silêncio
cujos caminhos continuo a percorrer
sozinho
apesar de muitas vezes acompanhado
até que a existência entenda o contrário

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