segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A realidade nunca é virtual...

o exercício do virtual acompanha-me desde sempre
e acontece quando aquilo que estou a fazer em cada momento
me lança num espaço e num tempo que não este
ou me coloca por via do pensamento ou de um qualquer meio
na proximidade de quem está ausente
tornando-o e sendo por mim tomado como presente e efectivo

o exercício do virtual ocorre muitas vezes
pela intreposição entre mim e a realidade
de um filtro que me deixa ver da realidade
da minha e do que me rodeia
sejam coisas ou pessoas
aquilo que aprendi ou em que acredito
ou ainda que tenho por certo ou errado

outro dos exercícios do virtual
consiste na utilização do sonho ou da fantasia
dos meus medos ou anseios
como forma de seleccionar da realidade
da minha e do que me rodeia
sejam coisas ou pessoas
aquilo que lhes dá corpo ou viabiliza

muitos exercícios do virtual ocorrem
quando no que me rodeia vejo o que me perturba
e em vez de me questionar ou rever
por ser em mim que a perturbação ocorre
questiono e actuo
como se fosse no que me rodeia que o mal-estar acontece
e fosse lá que houvesse que haver mudanças
para que eu me possa sentir bem
não me cabendo a mim alterar nada...

para cúmulo
no absurdo da virtualidade
mais depressa me condeno a viver o que de algum modo me violenta
porque o que sinto não se coaduna com aquilo em que acredito
do que me permito viver...
o que a minha natureza por vezes me diz ser o caminho
para além do que entendo

mas o virtual em mim vai caindo
já cada vez menos espaço ocupa

a realidade é sempre e em mim
cheia de uma vida e uma energia
que virtualidade nenhuma me consegue fazer sentir

quando me esqueço disso
e ao exercício do virtual me entrego
o meu mal-estar diz-me que alguma coisa está fora do lugar
e isso acontece quando me entrego à ausência
mesmo quando estou convencido que estou a viver... a realidade

há realidades que são tidas por difíceis e complicadas
mas começo a perceber que a única coisa difícil e complicada
em mim
acontece quando lhe atribuo essa ou outra qualquer qualidade

a realidade não é fácil nem difícil
certa ou errada
nem para mim nem para os outros
e não é porque de uma ou de outra forma a entendo
que deixa de ser realidade
ou que poderei dela deixar de fazer parte ou evitá-la

quanto mais depressa a compreender e me aceitar nela
mais depressa a minha vida se altera no sentido do equilíbrio e do bem-estar

uma vez experimentada a realidade...
jamais se abdica dela

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