terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O todo que somos

somos as duas faces da mesma moeda
que por nela estarem em lados opostos não se vêm

tu és a razão
eu sou... cada vez menos razão

temos do mundo campos de visão diferentes

enquanto partes distintas da mesma realidade
nunca vivemos as mesmas experiências ao mesmo tempo

enquanto faces opostas da mesma realidade
estamos condenados a nunca nos encontrarmos
se do que nos rodeia fizermos objecto de atenção e centro da existência

mas quis o acaso, o destino ou o que lhe quiseres chamar
que por breves instantes deixássemos de olhar para o exterior
e quando isso aconteceu
reconheci-me como o todo de que tu és parte
e tu descobriste-te comigo nesse mesmo todo

nem tu nem eu tinhamos ideia de que o que encontrámos fosse possível

a diferença da natureza das faces distintas que nos imaginávamos
desapareceu...
libertou-se em nós uma energia com uma força desconhecida
que tudo o que conhecíamos põe em causa
perante a qual nada do que tinhamos por certo se mantém

hesitamos...
ou voltamos a ser as partes que conhecemos
ou aceitamos ver até onde nos leva esta energia
que dos dois que éramos
nos transformou no um em que nos descobrimos

depois deste encontro de mim em ti
deixei de me preocupar com aquilo que acreditava ser a “minha realidade”

a realidade não é minha nem de ninguém
a realidade é sempre a realidade
seja o que for que cada um de nós dela entenda

a realidade não se define pelo que dela me imagino
mas sim pelo todo que sou e de que sou expressão quando sou parte

o que tu vais fazer depois do que viveste comigo não vai alterar a realidade...
mesmo que te voltes a distanciar do todo que somos e em que nos encontrámos

se essa for a via que escolhas
e voltares a ser parte distinta
não deixarei de ser esse todo que sou contigo e de que me descubro consciência

no todo que somos nos encontrámos...
só no todo nos podemos continuar a encontrar
só na felicidade podemos acontecer como um só...
é aí que espero por ti

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