sábado, 14 de fevereiro de 2009

Olá meu amor

contigo ganhei consciência da diferença entre amar e amor

sei que parece um preciosismo...
mas amar e amor apontam a aspectos diferentes da vida

quando falo de amar falo de uma acção que se supõe animada de um sentir
quando falo de amor falo de um sentir
que não depende de acção nenhuma para existir

amar aponta para o exterior e incide sobre uma pessoa
amor obriga à consciência do que se sente
a uma interioridade que nos permite o encontro com a existência

todas as acções depois de concluídas terminam
todas as acções se esgotam
e tarde ou cedo acabamos esgotados com elas

a consciência do que se sente...
não garante a eternidade desse sentir quando dirigido a alguém
mas permite saborear a eternidade que é esse sentir

amar permite-me dar corpo ao sentir que é o amor
a consciência do que sinto
permite-me transformar tudo o que faço num acto de amor... amar

não confundo o que sinto com o que faço
nem espero ver no que faço o que não sinto

a manifestação do amor que te tenho está limitado pelo amar que te é possível

o amor dito não é amor
nem quando digo “amo-te”
e mesmo que o diga constantemente
é apenas uma forma de amar que começa e acaba com o fim do que é dito

o amor que sinto por ti não cabe nos actos que em mim possas procurar
ou que eu possa inventar...
está no que sinto
e o que sinto é uma experiência que ninguém pode ter por mim

o que sinto por ti permite-me admitir partilhar a minha existência na proximidade de ti
nunca te sonegando a existência que só tu podes ter
nunca deixando que a existência que só eu posso
desapareça no cumprimento das fantasias ou medos seja de quem for

dizer que te amo é pouco como forma de expressão do amor que sinto por ti
mas se mais não é possível... só me resta dizer

amo-te
amo-te
amo-te
(...)

Sem comentários: