domingo, 15 de março de 2009

O silêncio por onde caminho

observo-me
observo o que me rodeia em mim
observo a existência

percebo que tudo o que na existência é matéria... vibra
tudo vibra de um modo que lhe é próprio

tudo o que vemos é a tradução dessa vibração em formas e cores
tudo o que ouvimos é a tradução dessa vibração em sons
tudo o que os nossos sentidos registam é a tradução dessa vibração...
tudo o que sentimos e os sentidos não registam...

tudo vibra de um modo que lhe é próprio
e porque tudo na existência está na proximidade de tudo
para além da vibração que lhe é própria
cada coisa reflete de modo diferente a vibração do que lhe está à volta
ou que até ela chega

tudo reage de forma diferente às vibrações que lhe são exteriores
algumas matérias absorvem a vibração exterior diluindo-a na sua própria vibração
outras reflectem a vibração que lhes chega sem que alterem a sua própria vibração
outras ainda transformam-se a cada embate que sofrem alterando a sua natureza
outras não se alteram... apenas vibram de acordo com as vibrações do que as rodeia
ampliando-as
distorcendo-as e distorcendo-se
alterando-se
a ponto de poder ser difícil perceber qual o registo original em que supostamente deviam vibrar

tudo na existência vibra...
mesmo na escuridão ou no mais aparente e profundo silêncio

percebo-me matéria vibrante com a existência
com a oportunidade de compreensão e consciência desse vibrar

procuro passar o que em mim é um vibrar reflexo do que me rodeia
um vibrar que mudando segundo a segundo entendia ser eu...

sinto a proximidade do centro do que é o meu vibrar próprio
e com a aproximação desse centro...
sinto o silêncio em que todas as vibrações da existência se formam

esse é o silêncio para onde caminho sem sair de onde estou...
esse é o silêncio... por onde caminho

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