sexta-feira, 8 de maio de 2009

Palavras próximas para um amigo distante

não transformes as palavras do teu medo
nas certezas da tua vida

reduzir a existência que nos é permitida
ao cumprir das angústias que nos atormentam
não nos aumenta nem diminui o tempo da vida que em nós não conhecemos
não faz da morte o que aprendemos a temer
nem da vida aquilo que desejamos e não encontramos

a vida é curta se procurar nela os grandes momentos da fantasia de que não é feita

a vida tem o tempo de duração certo...
se em cada segundo que dela me dou conta não tentar os sonhos que me animam
por muito que entenda poder ser feliz se nela ganhassem corpo

em cada segundo aprendemos a procurar longe e a ignorar o imediato
em cada segundo percebo que do que está perto só via o que longe fora objecto de procura num tempo distante
em cada segundo vejo agora a existência muito para além dos limites do que alguma vez poderia aprender noutro tempo qualquer

a vida não se aprende...
não estamos vivos para aprender nada ou cumprir um propósito qualquer...

é tempo de deixar a fantasia e mergulhar na existência
sem antes nem depois...
sentindo na pele o sabor da liberdade
sentindo no vazio de nós mesmos o prazer do amor que não se diz nem se faz
sentindo no ar a alegria que a felicidade não regateia
que sabemos para além das palavras do medo que transformamos em vida

Ah meu amigo...
como eu gostaria de te poder sossegar...

abandona o medo
entrega-te nos braços da vida
e deixa que ela se conduza a si mesma em ti
sem caires na tentação de lhe indicar os caminhos do que te parece...

quando for disso tempo
ela te dará conta dos sentidos que procuras...

nessa altura
um segundo da tua vida valerá o que a humanidade em toda a sua existência jamais sonhou ser possível