terça-feira, 5 de maio de 2009

Tempo de fuga...

sinto cada vez mais longe a angústia que durante tempo de mais me manteve em fuga...

a vida não me surge como a aprendi
e se no início me senti perdido num mundo novo
sinto-me agora seguro da presença e acontecer que protagonizo no lugar que ocupo

não há pensamento que me aprisione ao medo ou desejo do que não está
e se antes me limitava a segui-los pelo que neles entendia ser uma remota possibilidade
faço-os agora desaparecer
deixando-me ficar longe de qualquer intenção ou propósito
livre...

não nasci escravo
e nada em mim me define tal vocação
até podem sobre mim ter o poder da vida ou da morte
mas dificilmente conseguirão ser a vida que em mim é possível
e a que a morte jamais conseguirá pôr fim

liberto do que entendo e os demais acreditam
encontro no que me rodeia e não nos que à minha volta se cumprem nos pensamentos que os animam
os companheiros presentes da aventura que é a existência
não tanto pela proximidade do que é observável
mas pela consciência que neles os aproxima da realidade

voltar a ser pensamento não é em mim possível...
o pensamento cedeu lugar ao silêncio
e a vida alargou-se à existência

já não há medos que ganhem raízes no que em mim não existe
já não há sonhos que preencham o sono a que deixei de me entregar