o sentido utilitário da vida é o maior desperdício da humanidade
queremos tanto a vida que precipitamos a morte
queremos tanto o amor que acabamos mergulhados no ódio
queremos tanto os nossos sonhos que aceitamos viver os pesadelos dos outros
queremos tanto o prazer que não conseguimos sair da dor
queremos tanto a presença que nos tornamos ausentes
queremos tanto a felicidade que só conseguimos dar-nos conta da infelicidade que sentimos
queremos tanto ter razão que acabamos por perdê-la...
queremos tão pouco...
achamos nós...
que não nos damos conta do tanto que temos
do que achamos que temos não entendemos nem os quês nem os porquês
e o para quê escapa-nos...
porque achamos que temos que entender alguma coisa
do que achamos que não temos fazemos propósito e objecto do que queremos
e tanto queremos...
que acabamos por não ter...
nem o que que temos
nem o que queremos
longe dos desejos que procuramos satisfazer
a vida deixa de ser útil...
o sentido utilitário da vida é o maior desperdício da humanidade