no meu posto de observação espero...
as formas da vida que se cumprem através das palavras que escrevo
surgem do nada que não antecipei nem procuro prever
sou demasiado pequeno para tentar diluir em mim a existência...
é mais fácil dissolver-me no silêncio que ela me oferece
sendo o lugar vazio em que a vida ganha um corpo continuamente renovado
o tudo que sou no infinito da existência...
transforma-se num inútil nada absoluto quando o tento afirmar
a consciência... o encontro com a realidade
deixa-me tranquilo
cai o desespero da ideia da enormidade da responsabilidade
pelos gestos que não consigo evitar e de que me fui tornando prisioneiro
mudei-me do referencial da afirmação das convicções de todos e de ninguém
para o referencial da eternidade em que não existem afirmações...
a vida mudou... ou eu mudei...
ou nada mudou para além do meu estado de vigília...