caminho por entre as frágeis linhas da razão
em que o desejo constrói as cores brilhantes do sonho
desafiando os sentidos dispersos e atordoados
adormecendo as emoções contraditórias que não consigo calar num dizer sempre inoportuno
aceito fazer um caminho que se quer certo
onde se supõe haver lugar para todos
em que cada um de nós está sempre a mais
acabando com a estranha sensação
de que é onde não temos lugar... que temos que estar
afasto-me do sufocante clarão dos certos e errados
que iluminam os tempos do que foi e se crê estar para voltar
fico quieto... e deixo que os meus olhos se habituem de novo à escuridão
descubro-me no cimo de um monte
feito do ar que respiro entre a vida e a morte
percebo-me no fundo de um vale
feito do nada que a seguir à morte anuncia a existência
percebo que a única coisa que não sou
é a fantasia com que me visto à luz do que a razão toma por vida