sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Azul inocente...

amanhece cinzenta e fria a ideia do recomeço
que o sorriso da inocência pinta sempre de azul aquecido por um sol sorridente

não há nada a temer senão o cumprimento dos sonhos dos homens
cujo mundo por medida não serve a ninguém... e muitas vezes nem a quem o sonhou

o sorriso da inocência vai desaparecendo no fundo dos homens e mulheres crescidos...
o céu azul perde a cor e torna-se carregado
o sol vai ficando coberto por intermináveis nuvens espessas

os gritos da alegria inocente vão dando lugar aos gritos de dor e de medo
que os homens e mulheres crescidos aprendem a calar...
os gestos livres e espontâneos dão lugar aos gestos estudados de propósitos dúbios e reservados
as palavras... são ensaiadas e transformam-se em pedras sempre prontas a atirar
o amor e a felicidade são substituídos pelo desejo e pela ideia de prazer...
sempre distantes e por cumprir

descemos com o sol do sorriso da inocência aos lugares que em nós acabamos por esquecer
e deixamo-lo lá ficar... regressando à superfície
sem brilho... frios e cinzentos... ruidosos... tristes...

fiz esta descida ao inferno em mim...
mas percebo que o meu sorriso da inocência está intacto...
o frágil azul aquecido por um sol sorridente continua o mesmo...
não há lama feita nas razões dos homens e mulheres crescidos que altere esse quadro

amanheço sempre azul inocente no sorriso aquecido pelo sol da existência...
neste recomeço que é eternidade