terça-feira, 23 de março de 2010

não importa...

pouco mais consigo fazer que sorrir...

deixo o corpo descontrair os músculos que a razão faz tensos
deixo que a minha atenção esmoreça na busca de sentidos para o que me rodeia e tomo por objecto da minha constante curiosidade e interpelação
esvazio a minha ansiedade pelo que desenho e antecipo
suspendo os gestos e as palavras com que tento cobrir a fragilidade da minha nudez
e ofereço-me para o embate com a vida que temo violento...

não acontece nada...
a tranquilidade invade-me...
afundo-me lentamente nas sensações que os meus sentidos registam...
as palavras flutuam distantes...
sinto no corpo o anúncio do êxtase que vai para além dele...

fico cada vez mais em silêncio

pouco mais consigo fazer que sorrir...

não importa o que de mim sai
importa sim a consciência do que por mim passa...

e quando isso acontece... o meu acontecer muda

pouco mais consigo fazer que sorrir...