sexta-feira, 9 de abril de 2010

afinal é verdade...

mergulho teimosamente no silêncio que toco para além da brevidade de todos os ruídos
e percebo que é difícil abstrair-me do movimento e do brilho da agitação que percebo à superfície da existência...

permaneço teimosamente mergulhado no silêncio e sinto desaparecer toda a agitação...

e acaba por acontecer o que teimosamente procuro...

dou de caras com o meu silêncio
com o silêncio do que me rodeia
com o silêncio do que tomo por vida e se apresenta apenas como ruído

existe uma imobilidade e um silêncio total e novo em tudo o que se move...

o encontro é surpreendente
retira a tudo o que digo e faço o significado e o carácter permanente que lhe imaginava associado

nada do que diga ou faça interessa
nada do que alguém diga ou faça interessa

há um estremecer de prazer que me altera a percepção de mim mesmo e do mundo
como se tudo estivesse afinal por descobrir e compreender...
e está...

a surpresa deixa-me extasiado
afinal é verdade... existe mesmo um silêncio para além da palavra que o designa
afinal é verdade... altera-se a minha sensibilidade face ao que me rodeia
afinal é verdade... a consciência é possível
afinal... é verdade

é difícil permanecer neste estado...
mas reconheço que vão desaparecendo as razões para sair dele