sábado, 19 de junho de 2010

marginal

são tantas as ideias de futuro e memórias esquecidas que cada um convenientemente advoga como razão legítima do presente a que se obriga...
que aqueles que não os próprios e que em tais horizontes se aceitam
das suas acabam por abdicar e das dos outros se assumir como expressão
cultivando em si a esperança de nessas outras um dia cumprir as suas

ou...
a si chamam o risco de se descobrir marginais à loucura do arbitrário
móbil absurdo e abstracto do que cada um entende por certo e por vida

já ocupei todos esses lugares do constrangimento...
e até me reconheço autor e defensor de ideias e memórias que alimentaram a vã convicção de que fosse qual fosse o caminho
ele se impunha pela força do inevitável do que se seguiria...

mas...
a consciência da inutilidade da distância a mim mesmo a que voluntariamente me votava em nome do nada que são todas as ideias e entendimentos
os meus e dos outros
libertou-me...
e fez-me o marginal que aceitei viver
não pela ideia da marginalidade que alguém possa julgar ver em mim
mas pela oportunidade do encontro com a diferença que em mim se cumpre nesse quadro

os outros farão das suas vidas a expressão dos limites das suas ideias e memórias
que os fará sempre saídos de algum lado e a caminho de outro lugar qualquer...

eu... já nem nas palavras que me permito me encontro
nem quando as digo e as escrevo nos gestos que de mim se possa dar conta