domingo, 31 de outubro de 2010

neste lugar de sempre...

gostava de pintar o mundo com outras palavras…

gostava que os meus sins para uns deixassem de ser nãos para todos os outros…
mas essa é uma missão que palavra nenhuma consegue

obrigado a aceitar os limites em que cada um de nós se aprendeu como vida
percebo que são inúteis todas as palavras que possa utilizar para preencher o vazio infinito que me separa do resto do mundo
mesmo que a ele me ligue pelo mais estreito abraço dos corpos cimentado pelo mais intenso dos afectos

sentir-me completo pelo sim que espero do outro não me leva ao outro nem aos lugares da minha simpatia
apenas perpetua a minha ausência do lugar único que sou e de que só eu tenho a oportunidade da consciência

deixo de tentar dizer sim ou não ao que o mundo me pede…
deixo de ser definitivamente o caminho que outros entendem só poder através dos sins da minha vida
deixo para trás a loucura das razões e destinos a que cada um se amarra em nome das palavras da sua estima e de que não sou parte efectiva

deixo que o mundo seja apenas ele mesmo e não tento pintá-lo com novas palavras
o mundo de que sou cada vez mais parte não vive de sins ou de nãos de ninguém…

neste lugar de sempre
vive-se apenas… o sim que se é